Breve História da Ordem Maçónica “Le Droit Humain” em Portugal
Os primeiros anos do século encontram Portugal no final de uma monarquia de 700 anos, com lutas políticas constantes, em prol de ideais contraditórios, monárquicos, republicanos, nacionalistas, internacionalistas, etc., em que algumas mulheres desenvolviam as primeiras lutas pelos seus direitos negados tradicionalmente pelos homens, inclusive no voto.
Na sequência de uma atribulada vida maçónica masculina, sob a vigência do Grande Oriente Lusitano Unido, teve vida curta, de 1881 a 1885 a primeira Loja Feminina de Adopção desta obediência.
Só em 1904 o G.O.L.U. volta a criar Lojas Femininas praticando o Rito de Adopção e surgem as Lojas Humanidade e 8 de Dezembro.
Após o reconhecimento pelo G.O.L.U. das Lojas Femininas em igualdade com as Masculinas é iniciada em 1907 na Loja Humanidade Adelaide Cabete, lutadora e activista pela defesa dos Direitos das Mulheres e pelo ideal republicano.
Em 1909 a Loja Humanidade recebe Carta patente de Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosacruz
Após sucessivos afastamentos e recomeços, e apesar de várias manifestações de solidariedade por algumas Lojas masculinas, em 1923 dá-se o derradeiro afastamento do G.O.L.U.
Adelaide Cabete, então Venerável, pede ao Supremo Conselho Universal Misto “Le Droit Humain” a filiação da Loja o que vem a suceder ainda nesse ano de 1923.
Cabeçalho do Papel timbrado da Loja Humanidade
com carimbo de filiação no Supremo Conselho Universal Misto
Tradução de um extracto da carta de Autorização da Loja Humanidade:
Zenite de Paris, 24 de Maio de 1923 Era Vulgar
Eu, abaixo assinado, Grão-Mestre, Presidente do Supremo Conselho Misto Internacional “Le Droit Humain”, confiro à Muito Cara e Veneravel Cavaleira Adelaide Cabete, 18º, o poder de proceder à instalação a Oriente de Lisboa (Portugal) da Respeitavel Loja “Le Droit Humain” nº 776 “Humanidade”.
(…)
Assinatura maçónica de Adelaide Cabete
Lutando sempre com dificuldades de local de reunião mas perseguindo tenazmente o objectivo de criar uma Federação autónoma, Adelaide Cabete conseguiu criar os seguintes grupos que integraram a Jurisdição Portuguesa de então:
Loja Humanidade em Lisboa;
Loja Fiat Lux em Lisboa;
Loja Trindade Leitão em Alcobaça;
Loja Amaia em Portalegre;
Triangulo Solidariedade em Beja;
Capítulo Humanidade em Lisboa e
Areópago Teixeira Simões em Lisboa
Carimbo de Delegada do Supremo Conselho usado por Adelaide Cabete
As difíceis condições sociais e políticas, a instauração da Ditadura e perseguições às associações não permitiram a manutenção destas Lojas e por último a Loja Humanidade viria a abater colunas possivelmente em 1926.
Adelaide Cabete continuaria até ao fim da sua vida a lutar pelos seus ideais criando diversas associações, participando em congressos e publicando numerosos artigos em revistas